A década de 1960 significou um ponto de grandes inflexões para a sociedade
contemporânea. Nos EUA, o “baby-boom” do pós-guerra estabeleceu o surgimento de
uma geração de jovens inseridos na prosperidade material e tecnológica de um
mundo em plena
transformação.
As novas conquistas obtidas no campo dos transportes, da medicina e da
eletrônica causavam a configuração de uma época aparentemente cingida pelo
signo da modernidade.
Contudo, observamos também a deflagração de uma revisão de
valores
responsável pela transformação dos papéis ocupados por homens e mulheres na
sociedade. Já durante a Segunda Guerra, a maciça inserção das mulheres no
mercado
de trabalho estabeleceu um novo campo de possibilidades
para aquela que antes era vista como a “rainha do lar”. A partir desse processo
de relativa emancipação, muitas delas reivindicaram novos campos de
conquista
nunca antes imaginados.
Quando alcançamos a década de 1960, o advento da pílula anticoncepcional
permitiu uma libertação dos comportamentos sexuais antes restritos à monogamia
e às relações matrimoniais. Paralelamente, o meio intelectual também passou a
se voltar para a essa questão com a difusão de livros de autoras que se
interessavam em desconstruir o papel da mulher na sociedade. Entre outras
obras, podemos destacar “O Segundo Sexo” de Simone Beauvoir e “A mística do
feminino” de Betty Friedan.
A partir de então, muitas mulheres saíram às ruas com o intuito de reivindicar
os mesmos direitos assegurados pela constituição liberal de seus países. Entre
outras questões, lutavam para que as faixas salariais de homens e mulheres
fossem devidamente equiparadas. Nesse aspecto, percebemos que entre as décadas
de 1960 e 1970 o feminismo havia se consolidado enquanto movimento político
integrado a muitas outras bandeiras de lutas civis e minoritárias.
Em resposta a tais movimentações, aconteceu a adoção de várias políticas de
igualdade que visavam responder aos anseios estabelecidos no período.
Instituições de defesa dos direitos das mulheres e outros órgãos de natureza
governamental passaram a sensibilizar outras parcelas da sociedade com respeito
a essa causa. Com isso, observamos que muitas bandeiras de luta passaram a ser
prestigiadas pela aprovação de leis específicas.
A partir da década de 1980, o feminismo pareceu perder a sua força. A causa
deixou de ser uma meta a ser alcançada depois que os próprios representantes do
Estado reconheceram a legitimidade de tais reivindicações. Contudo, essa faceta
da história contemporânea ainda se desdobrou em uma mudança de comportamento
que rompeu com os paradigmas tradicionais da família e, até mesmo, do homem. A
vitória feminista ainda ecoa em transformações ainda visíveis no nosso
cotidiano.
Por Rainer Sousa
Mestre em História